E sou antipática. Muito. Até 2 anos atrás, tinha a desculpa da miopia para não cumprimentar as pessoas na rua. Depois do laser, só me resta assumir: sim, sou antipática e não, não tô te dando mole.
E porquê isso? Bom, porque gosto de mostrar o que a genética me deu e a cosmética ajuda.
Uso saia curta. Uso decote. AMO botas de cano longo. E batom vermelho, e tantos outros clichês que fazem os homens virarem o pescoço e as mulheres torcerem o nariz.
Só que às vezes cansa.
Porque se aceito minha beleza e meu corpo, mostrá-los parece soar como um convite: "oi, sô facinha, pode vir".
Aos 15 anos, voltando de uma aula de educação física com uma calça justa, um homem se sentiu no direito de agarrar minha bunda. Não, não foi uma "passadinha de mão". Ele estava numa bicicleta e usou isso para fugir, depois de me dar um tremendo beliscão e quase me fazer cair com a agressão. Lembro que senti tanto nojo dele, e tanto ódio de mim mesma que passei boas semanas evitando roupas mais... sensuais.
Eu tinha 15 anos, nunca tinha dado sequer um beijo, e estava descobrindo que tinha um corpo interessante. Foi uma experiência que pode parecer boba, mas me marcou. Porque um imbecil se achou no direito de violar meu espaço. Aquela foi a primeira vez, mas com certeza não seria a última.
Alguns anos depois, eventualmente tinha alguma experiência do gênero. E não estou falando de cantadas ao passar por alguma obra, porque isso faz parte do dia a dia. Falo de homens que jamais me viram e, ao olhar meu decote, se vêem no direito de perguntar se "é natural ou silicone". Eu não olho pro volume da sua calça e pergunto se é uma meia, pergunto?
A questão é que não importa se meus seios são grandes ou minha saia é curta. É meu direito usar a roupa que quiser e não ser vista como um pedaço de carne. Mais de 10 anos depois daquele beliscão adquiri o espírito de devolver essas "gracinhas".
O tamanho do meu decote não mede minha inteligência.
Porque é meu direito usufruir do slut way of life só por diversão.
Mas como dói ver quem aceite ser definida unicamente por isso... o "ser" como uma embalagem bonita e vazia.
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