E como o blog anda criando mofo e eu sou preguiç... ops, saudosista, resolvi fazer uma sessão "revival" e vou publicar escritos antigos.
Depois vocês me dizem se escrevo melhor ou pior que quando era uma pirralha, hein?
Lá vai um de dezembro de 2003 - e façam favor de relevar a verborragia duma menina de 19 anos.
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Relacionamentos são, por
natureza, complicados. E necessários. Mas relacionamentos amorosos podem ser
infinitamente mais complexos e imprescindíveis. É difícil iniciá-los, e tarefa
digna de heróis mitológicos mantê-los. Mas quais seriam os requisitos que movem
a nós, pequenos e imperfeitos mortais, a continuar desejando-os ardentemente?
Porque relacionamentos podem, sem maiores explicações, fracassar. E aí
sofremos. E outras vezes, contrariando todas as perspectivas, têm êxito. E
então, ardemos em alegria. Roleta-russa. Mas antes que dêem certo (ou não), é
preciso “escolher a vítima”. Porque é aí que tudo começa...
Beleza
física, afinidade sexual, segurança emocional e inteligência. Esses são as
condições indicadas por 10 entre 10 pessoas, independente de cor, credo,
preferência sexual - ou qualquer outro critério que o IBGE ou outro instituto
de pesquisas use como base. Porque é da natureza humana almejar o perfeito sem
olhar a si.
Vamos
falar francamente: quem já não se deixou levar por belos olhos verdes, ou um
sorriso encantador, ou ainda um belos par de pernas – para não usar outros
“pares” igualmente interessantes do corpo humano – e pensou: “é, essa pessoa
deve ser interessante”. É inegável, a beleza física é o primeiro “item”
observado por alguém em busca de sua cara-metade. Infelizmente – ou felizmente
– relacionamentos baseados exclusivamente na (boa) aparência de uma (ou ambas)
as partes não duram muito. Até porque se torna impossível conviver com alguém
com o qual não temos nenhuma afinidade intelectual, sexual ou qualquer outro
“al” imprescindíveis para o sucesso de uma relação. Relacionamentos baseados
exclusiva ou essencialmente nesse critério são comuns entre jovens, já que
estes estão mais propensos a acreditar (por pressão da mídia, amigos e outros)
que um rostinho bonito é o bastante.
Sexo.
Certamente é um requisito assaz importante em uma relação. Mas também pode ser
um critério tão banal quanto a beleza física. Relacionamentos baseados na
afinidade sexual entre os envolvidos podem vir a durar mais que aqueles
fundamentados na classificação anteriormente analisada. É também o que tem
maiores chances de sofrer “recaídas” ao seu término, já que não são poucos os
que tendem a usar o sexo como “bengala” para diversos âmbitos de suas vidas.
Normalmente é vivido por pessoas que buscam a dita felicidade instantânea, sob
a falsa alegação romântica de um relacionamento sério.
Segurança
emocional. É aquele relacionamento onde uma das partes é extremamente passível
de mudanças de atitude (leia-se desaparecimentos prolongados, variações de
humor constantes, infidelidade e tantas outras atitudes irritantes), e a outra
parte é extremamente tolerante a elas. Vivido por cafajestes em geral (não
somente do sexo masculino) e seus eternos apaixonados. Normalmente dura anos,
até que a parte volúvel encontre outro porto seguro, ou o outro se canse de
tantas idas-e-vindas.
Intelecto
altamente desenvolvido. Ou para aqueles de menor capacidade de raciocínio, a
tão vangloriada inteligência. Essa talvez seja a desculpa mais nobre para
iniciar e manter um relacionamento, já que é sempre muito bom estar ao lado de
alguém com o qual é possível conversar, trocar idéias e discutir outros
assuntos além da própria relação. Filósofos, sociólogos, enfim, pessoas
dedicadas ao desenvolvimento intelectual têm tendência a viver relações como
estas.
Os
requisitos para um relacionamento nem sempre são dignos ou nobres. Dependem dos
interesses e prioridades de cada um; da cultura, modo de pensar e vivência de
ambas as partes. Mas não importa se baseados no amor, compreensão, sexo,
“cabeça”, caráter... relacionamentos serão sempre complexos, sempre ambíguos,
sempre desejados. Como foi no tempo de nossos trisavôs, como o será quando já
estivermos reduzidos a partículas invisíveis de pó. Porque mais forte e antiga
que a busca pela perfeição é a busca pelo amor da nossa vida.