Mostrando postagens com marcador eu sou assim. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador eu sou assim. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Porque é sempre bom ver como éramos...

E então encontrei um CD com documentos e fotos antigas.
E como o blog anda criando mofo e eu sou preguiç... ops, saudosista, resolvi fazer uma sessão "revival" e vou publicar escritos antigos.

Depois vocês me dizem se escrevo melhor ou pior que quando era uma pirralha, hein?
Lá vai um de dezembro de 2003 - e façam favor de relevar a verborragia duma menina de 19 anos.

----

Relacionamentos são, por natureza, complicados. E necessários. Mas relacionamentos amorosos podem ser infinitamente mais complexos e imprescindíveis. É difícil iniciá-los, e tarefa digna de heróis mitológicos mantê-los. Mas quais seriam os requisitos que movem a nós, pequenos e imperfeitos mortais, a continuar desejando-os ardentemente? Porque relacionamentos podem, sem maiores explicações, fracassar. E aí sofremos. E outras vezes, contrariando todas as perspectivas, têm êxito. E então, ardemos em alegria. Roleta-russa. Mas antes que dêem certo (ou não), é preciso “escolher a vítima”. Porque é aí que tudo começa...

Beleza física, afinidade sexual, segurança emocional e inteligência. Esses são as condições indicadas por 10 entre 10 pessoas, independente de cor, credo, preferência sexual - ou qualquer outro critério que o IBGE ou outro instituto de pesquisas use como base. Porque é da natureza humana almejar o perfeito sem olhar a si.

Vamos falar francamente: quem já não se deixou levar por belos olhos verdes, ou um sorriso encantador, ou ainda um belos par de pernas – para não usar outros “pares” igualmente interessantes do corpo humano – e pensou: “é, essa pessoa deve ser interessante”. É inegável, a beleza física é o primeiro “item” observado por alguém em busca de sua cara-metade. Infelizmente – ou felizmente – relacionamentos baseados exclusivamente na (boa) aparência de uma (ou ambas) as partes não duram muito. Até porque se torna impossível conviver com alguém com o qual não temos nenhuma afinidade intelectual, sexual ou qualquer outro “al” imprescindíveis para o sucesso de uma relação. Relacionamentos baseados exclusiva ou essencialmente nesse critério são comuns entre jovens, já que estes estão mais propensos a acreditar (por pressão da mídia, amigos e outros) que um rostinho bonito é o bastante.

Sexo. Certamente é um requisito assaz importante em uma relação. Mas também pode ser um critério tão banal quanto a beleza física. Relacionamentos baseados na afinidade sexual entre os envolvidos podem vir a durar mais que aqueles fundamentados na classificação anteriormente analisada. É também o que tem maiores chances de sofrer “recaídas” ao seu término, já que não são poucos os que tendem a usar o sexo como “bengala” para diversos âmbitos de suas vidas. Normalmente é vivido por pessoas que buscam a dita felicidade instantânea, sob a falsa alegação romântica de um relacionamento sério.

Segurança emocional. É aquele relacionamento onde uma das partes é extremamente passível de mudanças de atitude (leia-se desaparecimentos prolongados, variações de humor constantes, infidelidade e tantas outras atitudes irritantes), e a outra parte é extremamente tolerante a elas. Vivido por cafajestes em geral (não somente do sexo masculino) e seus eternos apaixonados. Normalmente dura anos, até que a parte volúvel encontre outro porto seguro, ou o outro se canse de tantas idas-e-vindas.

Intelecto altamente desenvolvido. Ou para aqueles de menor capacidade de raciocínio, a tão vangloriada inteligência. Essa talvez seja a desculpa mais nobre para iniciar e manter um relacionamento, já que é sempre muito bom estar ao lado de alguém com o qual é possível conversar, trocar idéias e discutir outros assuntos além da própria relação. Filósofos, sociólogos, enfim, pessoas dedicadas ao desenvolvimento intelectual têm tendência a viver relações como estas.

Os requisitos para um relacionamento nem sempre são dignos ou nobres. Dependem dos interesses e prioridades de cada um; da cultura, modo de pensar e vivência de ambas as partes. Mas não importa se baseados no amor, compreensão, sexo, “cabeça”, caráter... relacionamentos serão sempre complexos, sempre ambíguos, sempre desejados. Como foi no tempo de nossos trisavôs, como o será quando já estivermos reduzidos a partículas invisíveis de pó. Porque mais forte e antiga que a busca pela perfeição é a busca pelo amor da nossa vida. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Só não solta da minha mão

Um dia, um médico muito querido sentenciou a frase: "se você não fosse tão inteligente, não seria depressiva".

Eu tinha 20 anos e havia passado os últimos 3 dias sem tomar banho, sem comer, levantar da cama ou falar com alguém.
Ironia ouvir isso, não? Meu cabelo mal se movia de tanta oleosidade, pesava 45kg (cerca de 30kg a menos de hoje), e já havia parado de menstruar pelo peso baixo. Alguém "tão inteligente" deveria saber que é preciso se alimentar direito, tomar banho, vestir uma roupa bonita e encontrar os amigos para deixar a tristeza de lado.
Só que nada é tão fácil assim.
Tudo começa aos poucos.

Um dia, você se sente um pouco triste. A vida parece parada, você sente vontade de chorar e as conversas com amigos, que eram tão animadas, não te interessam mais.
Então você vai pra casa, se enfia embaixo do chuveiro e chora, chora, chora... aproveita que o barulho da água caindo abafa o som e ninguém sabe o que acontece.
Em um outro dia, você acorda e lembra que precisa ir pra faculdade. Mas aquela aula que antes era tão interessante, perde a graça. Então você decide que é melhor ficar em casa dessa vez, e não precisar encontrar amigos que te convidam pra ir pro bar.
Na semana seguinte, alguém te pergunta porque você anda faltando tanto, se sabe qual é o conteúdo da prova daquele dia, e porque a sua blusa parece um pijama.
Mais alguns dias e você decide que chega!, é hora de tentar voltar pra vida normal. Então finalmente aceita o convite de uma amiga, toma banho, se veste, e até passa um batom. Mas precisa descer do ônibus para sentar no meio fio e chorar porque não lembra qual é o caminho para a casa dela.
Então você desiste.

Volta pra casa, põe o pijama que usou pra ir pra faculdade, deita na cama e tenta chorar. Só que não sai. Não sai mais nada. Você não chora mais, não se desespera, não acha que sua vida é uma droga. Você simplesmente deita e espera. Espera que a vida passe e deixe de doer.

E então, depois daqueles três dias, alguém invade seu quarto e te arrasta para o médico.
Ele olha pra você, te examina, faz perguntas doloridas...e já sabe.
Sim, você é depressiva. Não, você não está com depressão.

A diferença entre o ser e o estar é a grande incógnita para resto do mundo.
Porque é o maior dos clichês, mas só quem já passou por isso sabe como é. Sabe como a vida é mais difícil para quem tem depressão. Sabe como, para nós, a vida dói mais.

Quem tem depressão analisa todos os aspectos. Vira, revira, pensa e repensa. Deixa de lado, diz que não vai mais pensar... e cinco minutos está lá, remoendo mais uma vez.
Quem tem depressão sabe que os momentos ruins passam e um dia o sol aparece. Mas o depressivo se agarra na certeza que um dia o sol vai desaparecer, e aquela dor vai voltar.

Minha família sabe que eu tenho depressão.
Minha mãe e meu noivo entendem. Ela, porque também sofre desse mal. Ele, porque é nada menos que uma alma iluminada e consegue ver dentro de mim.
Meu pai e minha irmã ignoram. Ele, porque apesar de me amar, simplesmente ignora qualquer situação mais grave que aconteça. Ela, porque simplesmente acredita que seja teatro, tentativa de chamar a atenção, fraqueza.

Muito já me revoltei, briguei, sofri e chorei por aqueles que não crêem. Quando essas pessoas estão no círculo que deveria te apoiar, dói mais. Tentei conversar, explicar, mostrei laudos médicos, imprimi estudos clínicos, dei as bulas dos remédios para ler. Quando alguém decide que é melhor não entender o outro, aprendi que é menos doloroso e frustrante deixá-los na ignorância. Um dia, quem sabe, a vida trate de fazê-los entender.

Hoje, se passaram sete anos da descoberta da depressão.
Tive muitos outros episódios nesse tempo. Alguns fortes e destruidores, outros mais discretos.
Eu vivo na certeza que um dia as nuvens vão voltar. A cada dia que acordo e não sinto vontade de levantar, fico analisando se é apenas preguiça matinal ou ela me rondando outra vez.
A cada vez que vejo um animal abandonado e sinto vontade de chorar, mais uma vez páro e penso se é a depressão, ou apenas esse meu coração mole demais.

Viver com depressão é estar alerta que ela pode atacar a qualquer momento.
Viver com depressão é ter a consciência que tudo dói.
Que a vida dói.

Mas enquanto houver a possibilidade de um outro dia de sol... eu vou continuar.
Enquanto houver alguém ao meu lado que eu possa pedir pra não soltar da minha mão.


domingo, 23 de outubro de 2011

Mudar não dói. Crescer, sim.

Ah, eu sou uma apaixonada.
Daquelas bem bobas, daquelas bem bestas.
Que ouve 20 vezes seguidas a mesmíssima música, só porque lhe lembra a pessoa amada.
Que deixa bilhetinhos amorosos escondidos dentro da carteira só pra que ele sorria durante o dia, quando encontrá-los.
Daquelas que acha que um amor é pra vida toda.

E aí eu me apaixonei. E obviamente achei que era pra vida toda, e larguei tudo. Sim, eu também sou dessas que entrega " o coração nas mãos do outro e dizer: toma, faz o que quiser".
E foi lindo, e difícílimo, e perfeito por alguns anos. Até que a nuvem foi saindo da frente dos olhos.

E um dia me dei conta que cresci, amadureci e mudei.
E que aquele relacionamento não tinha futuro, pra mim, pros meus planos.
Me vi renegando coisas que acreditei que não queria... e fingindo aceitar outras que me incomodavam.

Mas continuava apaixonada. Aos olhos de nossos amigos, éramos o par perfeito.
Poucos meses antes do rompimento, lembro de estarmos num boteco e alguém comentar "vocês vão ser pra sempre". E eu sorri, mas fiquei calada o resto da noite.
Aquela frase doeu, tocou no fundo.
Porque eu não acreditava mais no "pra sempre".

E posso dizer que foi uma das decisões mais doloridas e fáceis da minha vida.
Entender que acabou.
Que não era o que eu queria.
Que não foi erro de ninguém, mas às vezes a vida muda e os objetivos caminham em direções opostas.
(É claro que o rompimento não foi tão fácil assim... bem pelo contrário, eu diria. Mas isso é pra outro post.)

Quase 4 anos passados, vejo como foi importante esse momento.
Saber o que queria, e ser capaz de filtrar.
Encontrar alguém que entende minhas indecisões, mas me deixa livre para descobrir sozinha.
Que tem os mesmos desejos pro futuro.
E que também é outro bobo apaixonado... que sabe que pode até não ser pra sempre, mas que certamente vai ser delicioso enquanto durar.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Não me interrompa quando estou falando sozinha!!

Eu falo sozinha. Pra caralho.
Bato altos papos, filosofo mesmo.
Não que tenha tanto tesão na minha voz (aliás, a acho muito meiguinha e fofa, nada que combine realmente comigo), mas sou assim, fazer o quê.

Não lembro quando essa anomalia começou.
Desde que me entendo por gente, falo sozinha.
Em casa - com direito ao dueto-monólogo com os gatos, fazendo perguntas e respondendo na característica voz-felina - e até mesmo na rua.

Já paguei muito, muito mico falando sozinha.
Você tá lá, de boa, numa rua deserta. Recriando um diálogo com frases mais espertas, sarcásticas e divertidas que as que aconteceram na vida real quem nunca? até que... vira a esquina e pá: alguém vem do outro lado.
Não dá pra disfarçar.
O estranho SABE que você estava falando sozinha. Quando se tem um tom de voz relativamente alto como eu, então.. esquece. Assume o mico, assume que seu rosto ficou vermelho-pimentão, baixa a cabeça e dá uma aceleradinha no passo.

E reza pra não ser nenhum conhecido.

* Exponencialize a vergonha se você decidiu dialogar consigo em outra língua... que obviamente não domina.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Scarlet, eu te entendo

E então leio um tweet de alguma menina questionando porquê tirar fotos nuas. Em resposta, claro, ao hacker que liberou a bundinha da Scarlet Johansson para deleite do mundo.

Inúmeras razões. Algumas o fazem para agradar ao namorado/amante/marido/foda.
Algumas por dinheiro. Outras, simplesmente para despertar a inveja alheia porque ainda há de nascer animalzinho mais invejoso que a mulher. Eu prefiro acreditar que é uma forma de auto-aceitação e apreciação.

Sim, já tirei fotos nuas. Várias.
Algumas boas, algumas ruins, algumas péssimas. Amadoras, semi e profissionais.
Não necessariamente aquelas tiradas por um fotógrafo incrível são as melhores. Claro, o olhar treinado, o conhecimento de luz e sombras... isso conta. Muito.
Mas tirar suas próprias fotos é um exercício sem igual.
Se conhecer, conhecer seu corpo, sua própria sensualidade, entender-se linda, ainda que você não se veja perfeita. Ah, não tem preço.

Porque não importa quão linda uma mulher é. Quantas cantadas recebe por dia, quantos elogios seu amor lhe diz. Somos um bichinho estranho, que desconfia de tudo e de todos... menos de nós mesmas.
Uma mulher reconhece seu valor como namorada.
Sabe quão inteligente é.
Sabe do que é capaz.
Mas não sabe aceitar sua beleza.

Me uso como exemplo. Sim, já disse e repito: sei que sou bonita. Entendo que minha pele clara, meus olhos de cor incomum, meus cabelos bem cuidados agradam. Sei que meus traços gaúchos/europeus levam vários a virarem o pescoço. Mas não, eu não gosto da minha beleza. Não gosto da beleza "perfeitinha", calculada, desejada, óbvia.
Amo o incomum. Um nariz maior que o esperado, olhos fugidios, peles naquele tom improvável.
Não posso brigar contra minha genética... então, aprendi a aceitá-la.
Por anos briguei com o espelho... como tenho certeza que muitas ainda o fazem.

A arte da fotografia erótica ajudou nesse processo.
Foi quando aprendi a ver valor em mim.
No meu nariz minúsculo. Nas pernas longas demais. No olhar que sei, só eu consigo entender.

Ver-se bonita faz parte da beleza de se aceitar mulher.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Baile de Máscaras

Aí você vai numa balada gay. "Dã, grande novidade", você diz.
Mas não é qualquer balada gay.
É a balada mais gay que você jamais foi na vida. Onde você é uma das únicas 6 mulheres do local. Possivelmente, a única hetero.


Contra todas as circunstâncias, um cara dá em cima de você.
Não só um cara. Muito provavelmente, o único cara hetero do lugar.
Não somente um cara hetero, como bonito. BEM bonito e gostoso.
Ele não só dá em cima, ele te agarra pela cintura e fala no seu ouvido.

Qual a sua reação?
a) aproveita e, como boa mocinha comprometida mas não morta que é, dá um sorrisinho e uma agarradinha no bumbum.
b) acha aquilo um absurdo, onde já se viu, e essa aliança enorme no meu dedo?
c) entra em choque com a situação, trava e não escuta uma mísera palavra do que ele disse. Se amaldiçoa pelo resto da festa e o dia seguinte também.

Se você me conhece, sabe que minha reação foi a C, com a doce ilusão de ter tido a A.
Ô vida.

sábado, 3 de setembro de 2011

Porquê os quase 30 são melhores que os 20 e poucos

I know i have a fickle heart and a bitterness
And a wandering eye and a heaviness in my head...

- Porquê não preciso mudar para agradar aos outros;
- Consigo ouvir lindas músicas de fossa sem ficar deprimida;
- Não preciso mudar a cor do cabelo toda semana para me sentir bonita;
- Cultivo meus amigos pelo que passamos, não pelo que esperamos passar;
- Sei exatamente o que me agrada: na cama, no prato, na música, no mundo;
- Vontade de piercings é algo que dá e passa mais rápido que se imagina;
- Tatuagens são pra sempre. Graças!;
- Aprendi a mudar de idéia e não me sentir auto-corrompida;
- Aceito estar errada e encaro isso como um crescimento, e não uma depreciação;
- Não tenho vergonha do ridículo... ou ao menos não tanta;
- Não sou melhor que ninguém. Também não sou pior;
- Aceitei: a vida não é do jeito que planejei, mas de outras formas é muito melhor que podia imaginar;
- Ficar sozinha é bom;
- Estar acompanhada de um só é incrível;
- Sou branca e tentar mudar isso só vai me causar um câncer de pele;
- Bons amigos me aceitam do jeito que sou;
- Não tenho medo de expôr minhas opiniões, e paciência se outros não gostam;
- Eu não sou uma boa pessoa. Tampouco sou má, e tá tudo bem no mundo;
- Posso não escrever tão incrivelmente como antes, mas a simplicidade é muito melhor.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Como perder a dignidade em 3 simples passos

1. Vá beber cerveja com os amigos. Beba todas, claro;

2. Decida fazer sexo selvagem e barulhento dentro do carro, em frente a um salão de festas;

3. Estacione na entrada de casa. Esqueça a calcinha vermelha no banco do carona.

Parabéns. Você acabou de perder sua pouca dignidade perante a vizinhaça.

Baseado em fatos reais ocorridos com esta que lhes escreve.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Free to be me


Chega uma hora na vida que você aceita que é normal. Que é mediana.
Que não vai ganhar um Nobel, não vai praticar nado de costas numa piscina de dinheiro Tio Patinhas moldou meu caráter.
Chega uma hora que você aceita que, se morrer hoje, não haverá luto nacional. Aceita que aqueles que chorarão serão com sorte sua família, amigos queridos e, com muita sorte, um amor.
Você aceita que todas aquelas promessas ditas por tantos professores admirados se tornaram, olha só, apenas promessas de um passado que nem deixou saudade.

Não é ruim ser normal.
Eu diria que é... libertador.
É extremamente difícil aceitar. Ainda mais alguém como eu, que tem pré-conceitos arrogantes e inatingíveis sobre mim mesma. Mas uma hora você aceita.
E é cruel e solitário no início. Ser... "média".
Saber que não será excepcional. Que não vai mudar o mundo.

Então você amadurece.
E vê que toda a pressão foi embora. Porque sabe-se lá quão enlouquecedor deve ser se sentir responsável por moldar mentes, moldar vidas.
Eu sou normal, sou comum. Não sou excepcional. Tenho o carinho e amor daqueles que me querem bem, e isso já me basta.

Libertar-se de suas próprias definições... isso sim, pode mudar uma vida.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre a falta de fetiches

E então, num desses momentos de absoluto tédio e falta do quê fazer, entrei numa dessas fadadas salas de bate papo. Podem me crucificar, eu deixo mas sei que você faz igualzinho!. E conversa inútil vai, conversa sem noção vem, um cidadão me pergunta qual é meu fetiche.

Silêncio.
Mórbido silêncio.
Juro, fiquei estática.

Quem me conhece sabe bem que assuntos sexuais não são nenhum tabu pra mim. Pelo contrário, acho saudável e divertido falar sobre o que faço, os outros fazem, o que eu faria, já fiz, pretendo fazer...
Mas... fetiches? Parei pra pensar. Um bom tempo, diga-se. E olha, cheguei à trágica conclusão que não tenho fetiches.
Ou pelo menos aquilo que entendo como fetiches.
Não há nada absolutamente incomum que me excite.


Podolatria? Brigada, mas tenho preguiça até de cortar as unhas.
BDSM? Até curto, mas nada tão hard e escalafobético assim.
Mènage? Já fiz, faria de novo, mas não é tara.
Lesbianismo? vide anterior.
Chantilly, sorvete, caldas de chocolate? Humm, gostoso. Mas de novo, não é tara.

Ok, sou comum, sou chata, faço tudo certinho aham, vai nessa, vai.
E então, por alguns minutos, fiquei me sentindo o ser mais sexualmente desinteressante da face da Terra. Porquê o cool, o moderno, o in é ser fetichista. É o fazer e acontecer, sexo 7 dias por semana, de preferência mais de uma vez ao dia, se bobear com vários diferentes. E de novo, não julgo quem escolhe essa prática muito já rodei nessa vida.
Mas aí minha pouca sanidade volta e vejo que não é assim. Muito pelo contrário.

Não preciso de um fetiche para ficar excitada. Não sou refém de um desejo obscuro.
Cada dia sou uma. Hoje posso morrer de tesão por ver a pele bronzeada e suada daquele que amo, depois do trabalho. Logo mais, abrir a geladeira e enxergar com outros olhos o chantilly para a sobremesa. Ou inventar novas formas de usar uma gravata...

Ser aberta a inúmeras experiências não me faz comum.
Me faz somente isso. Ser mais aberta, aceitar novas opções, testar, escolher, desistir... e me divertir. Muito.

Porque qual a graça do sexo senão não saber como será o próximo?

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Aceitando a succubus em mim

Que todo mundo tem seu lado bom e ruim, é uma certeza tão grande quanto sei lá,  o fim do mundo em 2012, que sexo é bom. O que nos diferencia é ter consciência do grau de maldade e bondade dentro de cada um de nós. E o que decidimos fazer sobre isso.

Eu sei quanto mal há dentro de mim. E aceitei há pouco tempo que não é pouco, e que algumas vezes pode ser incrivelmente divertido deixá-lo transparecer. Isso não faz de mim uma pessoa ruim. Me faz apenas mais consciente sobre meu id, ego, superego e o que mais a psicologia definiu sobre o cerumano.

É minha escolha tentar optar pelo lado bom. E porra, como é difícil. Porque a maldade é forte. E porque ela pode ser muito, muito mais atraente que ser boazinha todo o tempo. Além de muito mais fácil.
Optar pelo anjinho no meu ombro não foi uma decisão fácil. Foi preciso balancear que tipo de pessoa quero ser. Não pense que eu me sentiria inferior se fosse definitivamente má. Não sinto tanto peso na consciência por escolhas planejadas. Foi optar pelos valores bons, pela pessoa que quero que meus futuros filhos se espelhem, pelo legado (?) que gostaria de deixar.

E aceitar o lado ruim como parte importante da pessoa que sou. E deixá-lo aflorar somente nos momentos especiais... de preferência, com uma ótima companhia nua ao meu lado.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sou gata, sim!

Nunca tive qualquer dúvida que minha personalidade é totalmente felina. E nem falo pela minha paixão por esses animais, e sim pelas semelhanças de comportamento.

Não tenho paciência. 
Não respondo quando me chamam.
Não faço o que me mandam.
Uma cama quente é o melhor lugar do mundo.
Mas, sobretudo, sou fiel.

Sim, gatos são fidelíssimos. Esqueça todos os pré-conceitos sobre eles. Porque são animais independentes, mas especialmente fiéis àqueles que escolhem como donos.
Eu sou fiel às minhas convicções o que não significa que não mude de idéia. E quantas vezes já me fodi por isso!
E porra, como dói.
Porque assim como os gatos, sou extremamente atrapalhada.
Tenho as melhores intenções do mundo, mas escolho agir da pior forma inimaginável.
E aí, minha gente, vocês imaginam o resultado. Sangue, suor e lágrimas NÃO definem.

Mas, não me arrependo. Sim, sempre penso "caralho, porquê fui agir exatamente dessa forma? Custava ter pensado um pouco mais e decidido por uma abordagem mais sutil?".
É preciso saber viver com as consequências. Ainda que doam.

Um dia tudo melhora.
(assim espero)

sábado, 6 de agosto de 2011

Porque eu não sou normal ao acordar...

De repente, uma música muito alta. Uma marcha nupcial.

- Que porra de barulho é esse? Que música é essa? É um casamento? É o meu casamento? Porque eu tô dormindo no meu casamento???? Ah é, é o buffet aqui do lado.

Sério, todo meu QI inexiste logo após que acordo.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma amostra de sanidade

Acordo.
Naquele mini segundo entre abrir os olhos e lembrar quem sou, vejo uma mancha vermelha enorme no travesseiro.

- Caralho, meu nariz sangrou. Mas como assim meu nariz foi sangrar tanto assim? E como eu não senti? E porque diabos sangrou? O que eu tenho?? Eu vou morrer, certeza. E tô sozinha em casa, ninguém pode me levar no hospital. Que merda. Vou morrer, e sozinha.

Então levanto do meu leito de morte, analiso a mancha e... bom, é a estampa floral da fronha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Slut way of life

Pois é, eu sou bonita. E dizem por aí que gostosa também - e aí depende se você curte o tipo ossos ou carne.
E sou antipática. Muito. Até 2 anos atrás, tinha a desculpa da miopia para não cumprimentar as pessoas na rua. Depois do laser, só me resta assumir: sim, sou antipática e não, não tô te dando mole.

E porquê isso? Bom, porque gosto de mostrar o que a genética me deu e a cosmética ajuda.
Uso saia curta. Uso decote. AMO botas de cano longo. E batom vermelho, e tantos outros clichês que fazem os homens virarem o pescoço e as mulheres torcerem o nariz.

Só que às vezes cansa.
Porque se aceito minha beleza e meu corpo, mostrá-los parece soar como um convite: "oi, sô facinha, pode vir".

Aos 15 anos, voltando de uma aula de educação física com uma calça justa, um homem se sentiu no direito de agarrar minha bunda. Não, não foi uma "passadinha de mão". Ele estava numa bicicleta e usou isso para fugir, depois de me dar um tremendo beliscão e quase me fazer cair com a agressão. Lembro que senti tanto nojo dele, e tanto ódio de mim mesma que passei boas semanas evitando roupas mais... sensuais. Seja lá o que um uniforme de colégio católico pode ter de sexy.

Eu tinha 15 anos, nunca tinha dado sequer um beijo, e estava descobrindo que tinha um corpo interessante. Foi uma experiência que pode parecer boba, mas me marcou. Porque um imbecil se achou no direito de violar meu espaço. Aquela foi a primeira vez, mas com certeza não seria a última.

Alguns anos depois, eventualmente tinha alguma experiência do gênero. E não estou falando de cantadas ao passar por alguma obra, porque isso faz parte do dia a dia. Falo de homens que jamais me viram e, ao olhar meu decote, se vêem no direito de perguntar se "é natural ou silicone". Eu não olho pro volume da sua calça e pergunto se é uma meia, pergunto?
A questão é que não importa se meus seios são grandes ou minha saia é curta. É meu direito usar a roupa que quiser e não ser vista como um pedaço de carne. Mais de 10 anos depois daquele beliscão adquiri o espírito de devolver essas "gracinhas". Obviamente, não sou nada gentil.  Não me escondo mais atrás de roupas largas e óculos fundos.

O tamanho do meu decote não mede minha inteligência.
Porque é meu direito usufruir do slut way of life só por diversão.
Mas como dói ver quem aceite ser definida unicamente por isso... o "ser" como uma embalagem bonita e vazia.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Querido diário...


Todas as últimas noites, eu ia para a cama, e era uma boa menina.


Noite passada, eu fui para a cama. E fui uma boa menina malvada.


com amor,

P.

sábado, 23 de julho de 2011

Pagar mico é comigo mesma - parte I de infinitas

Aí você tá lá, com fogo na dita-cuja e resolve resgatar um casinho* do fundo da lista de telefone.
E como o fogo é muito mas a cara de cara de pau não tanta, tem a brilhante idéia de mandar uma mensagem.

Sim, um sms. Claro que não é nada tão singelo do tipo "oi, tudo bem, quanto tempo?". Porque vai que o fulano é lerdo e não entende, certo? E tempo a perder é algo que não existe quando o calor se instala.
Aí você pensa.
Capricha.
Bola aquela mensagem não tão soft porn per.fei.ta, que você sabe que vai deixá-lo doidinho ao ler.
E clica no "enviar", já antecipando o momento de glória.

Um minuto.
Um minuto e meio.
Dois minutos.

Esperar uma resposta nunca foi meu forte. Com tesão, pior ainda.
Ahá! Resposta!

"O Fulano não é mais o dono desse número. Mas gostei da idéia, hein? :P"

Oi, meu nome é Pê e eu pago mico até via sms.


* Essa história tem bons 7, 8 anos, quando era uma moça solteira perdida e indecente. Hoje sou uma noivinha muito comportada** e apaixonada, viu?
** Jura que você acreditou nisso?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Um quase monólogo

- Tá, eu sou teimosa sim, e daí?
Tu já sabia disso quando apaixonou por mim, não sabia? Então agora aguenta.Paixão vem em pacote completo/lacrado/inviolável. Tem coisas boas. Tem coisas ruins. Tem coisas péssimas. Ganhou olhos verdes, veio amostra grátis de rebeldia sem causa. Pediu inteligência, colada juntinho tava a insegurança. Tá, eu sou assim mesmo, e daí? Tu também não é amor algum de pessoa. Ou acha que eu não vejo, essa cafajestice, esse jeito de não deixar mulher nenhuma passar em branco? Que eu não vejo, falando baixinho no telefone, controlando risada? E quer saber? Pelo menos eu sempre fui eu mesma.
Sempre te mostrei que tinha todos estes defeitos horríveis, e muito poucas qualidades incríveis.
 Me mostrei inteira pra ti, não foi? E não faz essa cara não que eu tô falando sério! Não, não vem assim, não faz assim... que assim eu derreto, que assim eu não resisto, que assim eu não quero, assim eu não posso... vai, sai daí... por favor... não, não me beija assim, larga meu pescoço, tira essa mão, sai daqui com esse perfume, essa língua, esses dentes, esse monte de dedos... que eu não te quero, eu não te posso mais... 

- Deixa de ser fresca e fica quieta. 

- ... 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Eu sempre acreditei no amor.
Sempre.
Até quando duvidava, no fundo no fundo, acreditava.

Sabe quando você tem 20 anos e leva o maior pé na bunda que já existiu, e tem certeza que o mundo é uma merda, que todos os homens são uma merda, que sua vida é uma merda e que nada de bom nunca, nunquinha mais vai acontecer? Pois é, ainda assim eu acreditava no amor.

Hoje não tenho mais vinte anos, levei e dei outros tantos pés na bunda depois daquele e olha só! até encontrei o amor.
E ele é sim, tudo aquilo de lindo e de bom e de ótimo que sempre disseram que seria. E ele é meu melhor amigo e me ama também. E o mundo é bom.

Mas é claro que, quando você é assim como eu, doida e neurótica, nada é bom todo o tempo.
Quando você é assim, como eu, você vai dormir feliz, mas com aquele medo no fundo da alma de acordar triste. Com aquele medo de foder tudo, de novo, mais uma vez.
Mas é claro que, quando você é assim, como eu, em um dia qualquer perto dos 30 anos, aceita que é assim.
Que sempre vai ser assim.

E que ok, é foda. Mas vai ter que dar certo.
Porque por ele, você faz dar certo.
Porque no fim das contas, ele sempre consegue te fazer sorrir outra vez.

Porque vocês precisam entender.
Quando se é assim, como eu, complicada, imperfeita e dedicada, você tem dor de cabeça o dia inteiro e o que faz? Cria um blog. Às 4h30 da manhã.

Porque quando você é assim, como eu, sabe que a dor não é física.
É na alma.

E palavras podem ser mais eficientes que qualquer tarja preta.
Ou ao menos deveriam.