terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Porque é sempre bom ver como éramos...

E então encontrei um CD com documentos e fotos antigas.
E como o blog anda criando mofo e eu sou preguiç... ops, saudosista, resolvi fazer uma sessão "revival" e vou publicar escritos antigos.

Depois vocês me dizem se escrevo melhor ou pior que quando era uma pirralha, hein?
Lá vai um de dezembro de 2003 - e façam favor de relevar a verborragia duma menina de 19 anos.

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Relacionamentos são, por natureza, complicados. E necessários. Mas relacionamentos amorosos podem ser infinitamente mais complexos e imprescindíveis. É difícil iniciá-los, e tarefa digna de heróis mitológicos mantê-los. Mas quais seriam os requisitos que movem a nós, pequenos e imperfeitos mortais, a continuar desejando-os ardentemente? Porque relacionamentos podem, sem maiores explicações, fracassar. E aí sofremos. E outras vezes, contrariando todas as perspectivas, têm êxito. E então, ardemos em alegria. Roleta-russa. Mas antes que dêem certo (ou não), é preciso “escolher a vítima”. Porque é aí que tudo começa...

Beleza física, afinidade sexual, segurança emocional e inteligência. Esses são as condições indicadas por 10 entre 10 pessoas, independente de cor, credo, preferência sexual - ou qualquer outro critério que o IBGE ou outro instituto de pesquisas use como base. Porque é da natureza humana almejar o perfeito sem olhar a si.

Vamos falar francamente: quem já não se deixou levar por belos olhos verdes, ou um sorriso encantador, ou ainda um belos par de pernas – para não usar outros “pares” igualmente interessantes do corpo humano – e pensou: “é, essa pessoa deve ser interessante”. É inegável, a beleza física é o primeiro “item” observado por alguém em busca de sua cara-metade. Infelizmente – ou felizmente – relacionamentos baseados exclusivamente na (boa) aparência de uma (ou ambas) as partes não duram muito. Até porque se torna impossível conviver com alguém com o qual não temos nenhuma afinidade intelectual, sexual ou qualquer outro “al” imprescindíveis para o sucesso de uma relação. Relacionamentos baseados exclusiva ou essencialmente nesse critério são comuns entre jovens, já que estes estão mais propensos a acreditar (por pressão da mídia, amigos e outros) que um rostinho bonito é o bastante.

Sexo. Certamente é um requisito assaz importante em uma relação. Mas também pode ser um critério tão banal quanto a beleza física. Relacionamentos baseados na afinidade sexual entre os envolvidos podem vir a durar mais que aqueles fundamentados na classificação anteriormente analisada. É também o que tem maiores chances de sofrer “recaídas” ao seu término, já que não são poucos os que tendem a usar o sexo como “bengala” para diversos âmbitos de suas vidas. Normalmente é vivido por pessoas que buscam a dita felicidade instantânea, sob a falsa alegação romântica de um relacionamento sério.

Segurança emocional. É aquele relacionamento onde uma das partes é extremamente passível de mudanças de atitude (leia-se desaparecimentos prolongados, variações de humor constantes, infidelidade e tantas outras atitudes irritantes), e a outra parte é extremamente tolerante a elas. Vivido por cafajestes em geral (não somente do sexo masculino) e seus eternos apaixonados. Normalmente dura anos, até que a parte volúvel encontre outro porto seguro, ou o outro se canse de tantas idas-e-vindas.

Intelecto altamente desenvolvido. Ou para aqueles de menor capacidade de raciocínio, a tão vangloriada inteligência. Essa talvez seja a desculpa mais nobre para iniciar e manter um relacionamento, já que é sempre muito bom estar ao lado de alguém com o qual é possível conversar, trocar idéias e discutir outros assuntos além da própria relação. Filósofos, sociólogos, enfim, pessoas dedicadas ao desenvolvimento intelectual têm tendência a viver relações como estas.

Os requisitos para um relacionamento nem sempre são dignos ou nobres. Dependem dos interesses e prioridades de cada um; da cultura, modo de pensar e vivência de ambas as partes. Mas não importa se baseados no amor, compreensão, sexo, “cabeça”, caráter... relacionamentos serão sempre complexos, sempre ambíguos, sempre desejados. Como foi no tempo de nossos trisavôs, como o será quando já estivermos reduzidos a partículas invisíveis de pó. Porque mais forte e antiga que a busca pela perfeição é a busca pelo amor da nossa vida.