terça-feira, 30 de agosto de 2011

Da cor do beijo


Morangos são frutas estranhas. Têm minha linda cor preferida, vermelho-paixão. A língua os sente com leve aspereza... macio.. úmido. Os lábios dele também são assim. Têm uma maciez resistente ao toque dos dedos, e suave em outros lábios.

Mordo e o sabor invade minha boca. Gotas escorrem pela pele, sangram docilidade.
Mas agora só me sobra a aspereza inicial. Ou minha última chance de decorar o gosto de morangos... doce, cítrico, suculento... e então, escorregue pelos meus lábios. Pela última vez.

Mal posso esperar.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sim, eu tenho preconceitos

Ok, ok. Vou admitir. Eu sou preconceituosa.
Pra caralho, na verdade.
Tenho preconceito com axézeiro, sertanejo, pagodeiro, micareteiro e outros eiros.
Tenho preconceito com pobre. Os de espírito, já que minha conta bancária tá daquele jeito.
Mas um dos meus maiores preconceitos é com homossexual que julga bissexuais. Sabe como?

É aquele que ama/trepa/casa exclusivamente com alguém do mesmo sexo, vai na Parada Gay, é ativista e chora com os ataques na Paulista e eu juro que a rima pobre não foi intencional. Que enche a boca de orgulho pra dizer "sim, EU SOU GAY, eu mereço respeito" e, quando outro diz "oi, sou bi", torce o nariz e acusa de indeciso.
Não entendo. Acho que tenho um déficit pra compreender certas coisas (fórmulas físicas e matemáticas tão no mesmo patamar), um tipo de DDA físico-matemático-homofóbico (?).

Dá a mão e acompanha meu raciocínio.
A pessoa já foi alvo de preconceitos. Muitos. Já viu outros rindo da sua opção. Já sofreu, já chorou. Já perdeu noites de sono pensando como ia contar pros pais. Já se apaixonou pela pessoa errada. Já se sentiu deslocado em alguma situação social, quando não pôde abraçar seu amor.
E aí, um dia, ao ouvir de outra pessoa que têm uma opinião diferente da sua, têm a mesmíssima reação que tanto repudia.

Bissexuais sentem-se num mundo à parte. Não são aceitos no mundo hetero e tampouco no gay. São "competição" em ambos, animal que deve ser temido e escurraçado. Precisa se decidir.
Porquê? Que necessidade é essa de ter tudo decidido e dado como certo?

Aos 7 anos eu queria ser veterinária.
Dos 10 aos 16, juíza.
Aos 17, descobri o Jornalismo.
Aos 21, me decepcionei com ele.
E tô aqui, ainda procurando.

Aos 5 anos, minha comida preferida era frango assado. Odiava verduras.
Aos 15, virei vegetariana.
Hoje, amo brócolis e admito, pecado dos pecados: vez que outra traço um cachorro quente sem dor na consciência só na balança - essa maldita.

Nossa vida muda. Nossos gostos mudam.
E essa é a beleza de tudo: não precisar se ater ao concreto. Poder mudar, experimentar, voltar atrás.
O que cada um faz no conforto do seu lar e com seu corpo, com a permissão de outros e que não cause mal a ninguém, não deveria ser um indicador de caráter.
Porque eu repito: sou preconceituosa. Muito.

Julgo meus amigos e aqueles que quero bem pelos seus gostos. Pelas suas escolhas.
Julgo quem se faz de sonso e estaciona em vagas preferenciais.
Julgo quem não devolve o troco que veio a mais.
Julgo quem diz que o livro da sua vida é o campeão da semana indicado pela Veja.
Eu julgo caráter, não escolhas.

Pra quem ele dá ou quem ele come não é da minha conta. Nunca foi, nunca será.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Free to be me


Chega uma hora na vida que você aceita que é normal. Que é mediana.
Que não vai ganhar um Nobel, não vai praticar nado de costas numa piscina de dinheiro Tio Patinhas moldou meu caráter.
Chega uma hora que você aceita que, se morrer hoje, não haverá luto nacional. Aceita que aqueles que chorarão serão com sorte sua família, amigos queridos e, com muita sorte, um amor.
Você aceita que todas aquelas promessas ditas por tantos professores admirados se tornaram, olha só, apenas promessas de um passado que nem deixou saudade.

Não é ruim ser normal.
Eu diria que é... libertador.
É extremamente difícil aceitar. Ainda mais alguém como eu, que tem pré-conceitos arrogantes e inatingíveis sobre mim mesma. Mas uma hora você aceita.
E é cruel e solitário no início. Ser... "média".
Saber que não será excepcional. Que não vai mudar o mundo.

Então você amadurece.
E vê que toda a pressão foi embora. Porque sabe-se lá quão enlouquecedor deve ser se sentir responsável por moldar mentes, moldar vidas.
Eu sou normal, sou comum. Não sou excepcional. Tenho o carinho e amor daqueles que me querem bem, e isso já me basta.

Libertar-se de suas próprias definições... isso sim, pode mudar uma vida.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre a falta de fetiches

E então, num desses momentos de absoluto tédio e falta do quê fazer, entrei numa dessas fadadas salas de bate papo. Podem me crucificar, eu deixo mas sei que você faz igualzinho!. E conversa inútil vai, conversa sem noção vem, um cidadão me pergunta qual é meu fetiche.

Silêncio.
Mórbido silêncio.
Juro, fiquei estática.

Quem me conhece sabe bem que assuntos sexuais não são nenhum tabu pra mim. Pelo contrário, acho saudável e divertido falar sobre o que faço, os outros fazem, o que eu faria, já fiz, pretendo fazer...
Mas... fetiches? Parei pra pensar. Um bom tempo, diga-se. E olha, cheguei à trágica conclusão que não tenho fetiches.
Ou pelo menos aquilo que entendo como fetiches.
Não há nada absolutamente incomum que me excite.


Podolatria? Brigada, mas tenho preguiça até de cortar as unhas.
BDSM? Até curto, mas nada tão hard e escalafobético assim.
Mènage? Já fiz, faria de novo, mas não é tara.
Lesbianismo? vide anterior.
Chantilly, sorvete, caldas de chocolate? Humm, gostoso. Mas de novo, não é tara.

Ok, sou comum, sou chata, faço tudo certinho aham, vai nessa, vai.
E então, por alguns minutos, fiquei me sentindo o ser mais sexualmente desinteressante da face da Terra. Porquê o cool, o moderno, o in é ser fetichista. É o fazer e acontecer, sexo 7 dias por semana, de preferência mais de uma vez ao dia, se bobear com vários diferentes. E de novo, não julgo quem escolhe essa prática muito já rodei nessa vida.
Mas aí minha pouca sanidade volta e vejo que não é assim. Muito pelo contrário.

Não preciso de um fetiche para ficar excitada. Não sou refém de um desejo obscuro.
Cada dia sou uma. Hoje posso morrer de tesão por ver a pele bronzeada e suada daquele que amo, depois do trabalho. Logo mais, abrir a geladeira e enxergar com outros olhos o chantilly para a sobremesa. Ou inventar novas formas de usar uma gravata...

Ser aberta a inúmeras experiências não me faz comum.
Me faz somente isso. Ser mais aberta, aceitar novas opções, testar, escolher, desistir... e me divertir. Muito.

Porque qual a graça do sexo senão não saber como será o próximo?

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Aceitando a succubus em mim

Que todo mundo tem seu lado bom e ruim, é uma certeza tão grande quanto sei lá,  o fim do mundo em 2012, que sexo é bom. O que nos diferencia é ter consciência do grau de maldade e bondade dentro de cada um de nós. E o que decidimos fazer sobre isso.

Eu sei quanto mal há dentro de mim. E aceitei há pouco tempo que não é pouco, e que algumas vezes pode ser incrivelmente divertido deixá-lo transparecer. Isso não faz de mim uma pessoa ruim. Me faz apenas mais consciente sobre meu id, ego, superego e o que mais a psicologia definiu sobre o cerumano.

É minha escolha tentar optar pelo lado bom. E porra, como é difícil. Porque a maldade é forte. E porque ela pode ser muito, muito mais atraente que ser boazinha todo o tempo. Além de muito mais fácil.
Optar pelo anjinho no meu ombro não foi uma decisão fácil. Foi preciso balancear que tipo de pessoa quero ser. Não pense que eu me sentiria inferior se fosse definitivamente má. Não sinto tanto peso na consciência por escolhas planejadas. Foi optar pelos valores bons, pela pessoa que quero que meus futuros filhos se espelhem, pelo legado (?) que gostaria de deixar.

E aceitar o lado ruim como parte importante da pessoa que sou. E deixá-lo aflorar somente nos momentos especiais... de preferência, com uma ótima companhia nua ao meu lado.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Felicidade homeopática

Felicidade boa é em pequenas doses. Aquelas homeopáticas, sabe? Meio naquele estilo "amar é..." das figurinhas infantis. Felicidade também é... pequenas coisas.

Cantar uma música boba com bons amigos. Canções que só fazem sentido naquele insensato grupo. 
Abraço apertado que quase sufoca naquela amiga querida que não vê há séculos.. ou há um dia. 


Uma mensagem bobinha... daquela pessoa especial que lembrou de você.  


Sentir o cheiro da terra. Sem monóxido de carbono, sem perfumes franceses. Só o cheiro natural da vida.


Telefonema no meio da madrugada dos seus amigos bêbados, te convidando para mais um copo. E não interessa se você está de pijama e são cinco e meia da manhã. Eles só lembraram de ti. 


Um "eu te amo". E sequer é do homem da sua vida, e sim do amigo do fundo do coração, que implica com você a todo instante, e num segundo de descaso deixou escapar todo o carinho que sente. 


Um beijo estalado na bochecha. Aquela música que você adora e toca no rádio naquele exato perfeito momento. Ficar à toa com amigos, no solzinho de primavera. E pode ser sim, aquelas besteirinhas auto-ajuda de comercial: aproveitar cada momento. 

Porque ninguém te disse que felicidade é eterna. Ou que a vida seria um mar de rosas. E tudo porque lentes cor-de-rosa machucam os olhos. E para ver o lado bom, algumas vezes é preciso passar pelo ruim, e pelo péssimo, pelo horrível e pelo assombroso. E descobrir que no fundo do poço sempre há alguma luz.

Aos poucos é tão melhor... é-se feliz sem sequer notar. E aí um dia se acorda, e se pensa na vida atual. E é do jeito que deveria ser. E então é bom. É como só podia ser.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sou gata, sim!

Nunca tive qualquer dúvida que minha personalidade é totalmente felina. E nem falo pela minha paixão por esses animais, e sim pelas semelhanças de comportamento.

Não tenho paciência. 
Não respondo quando me chamam.
Não faço o que me mandam.
Uma cama quente é o melhor lugar do mundo.
Mas, sobretudo, sou fiel.

Sim, gatos são fidelíssimos. Esqueça todos os pré-conceitos sobre eles. Porque são animais independentes, mas especialmente fiéis àqueles que escolhem como donos.
Eu sou fiel às minhas convicções o que não significa que não mude de idéia. E quantas vezes já me fodi por isso!
E porra, como dói.
Porque assim como os gatos, sou extremamente atrapalhada.
Tenho as melhores intenções do mundo, mas escolho agir da pior forma inimaginável.
E aí, minha gente, vocês imaginam o resultado. Sangue, suor e lágrimas NÃO definem.

Mas, não me arrependo. Sim, sempre penso "caralho, porquê fui agir exatamente dessa forma? Custava ter pensado um pouco mais e decidido por uma abordagem mais sutil?".
É preciso saber viver com as consequências. Ainda que doam.

Um dia tudo melhora.
(assim espero)

sábado, 6 de agosto de 2011

Porque eu não sou normal ao acordar...

De repente, uma música muito alta. Uma marcha nupcial.

- Que porra de barulho é esse? Que música é essa? É um casamento? É o meu casamento? Porque eu tô dormindo no meu casamento???? Ah é, é o buffet aqui do lado.

Sério, todo meu QI inexiste logo após que acordo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


Porque um banho quente é um daqueles poucos prazeres orgásticos que não engordam e não precisam de companhia...