sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma amostra de sanidade

Acordo.
Naquele mini segundo entre abrir os olhos e lembrar quem sou, vejo uma mancha vermelha enorme no travesseiro.

- Caralho, meu nariz sangrou. Mas como assim meu nariz foi sangrar tanto assim? E como eu não senti? E porque diabos sangrou? O que eu tenho?? Eu vou morrer, certeza. E tô sozinha em casa, ninguém pode me levar no hospital. Que merda. Vou morrer, e sozinha.

Então levanto do meu leito de morte, analiso a mancha e... bom, é a estampa floral da fronha.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Em algum momento em 2004...

... escrevia estas palavras. E olha só, quem diria, hein?

"Eu não sei a cor dos olhos do amor da minha vida. Mas sei que quando os vejo, vejo a mim mesma. O que sei é que os olhos dele têm um brilho diferente, um leve jeito cafajeste e carinhoso. 
Eu não sei como são os cabelos dele. Mas sei que ele não se importa que eu brinque com eles por horas, em silêncio, e esqueça até de conversar. Eu não sei qual o formato de suas mãos. Mas sei que são macias, e que com elas ele toca as minhas, assim, distraidamente, só para que eu saiba que ele está ali.
Eu não sei como é sua boca, se os lábios são finos ou carnudos. Mas sei que, quando a boca dele encosta a minha, derreto e sou toda dele. Eu não sei se o beijo dele é calmo ou daqueles cinematográficos, de tirar o fôlego. Mas sei que ele abre os olhos de vez em quando, e eu também, e aí sim, sei tudo o que ele pensa, tudo o que ele sente.
Eu jamais soube o que sei. Mas sempre soube o que não sei. Não sei se vou encontrá-lo. Não sei se ele irá me encontrar. Não sei se nos reconheceremos, não sei se seremos um.
Será que nosso beijo é assim, como eu em mim? Será que tuas mãos são assim, suaves só para mim? Será que seremos assim, tu em mim, eu só para ti, tu só para mim?
Será que sei? Será que saberei?"

terça-feira, 26 de julho de 2011

Slut way of life

Pois é, eu sou bonita. E dizem por aí que gostosa também - e aí depende se você curte o tipo ossos ou carne.
E sou antipática. Muito. Até 2 anos atrás, tinha a desculpa da miopia para não cumprimentar as pessoas na rua. Depois do laser, só me resta assumir: sim, sou antipática e não, não tô te dando mole.

E porquê isso? Bom, porque gosto de mostrar o que a genética me deu e a cosmética ajuda.
Uso saia curta. Uso decote. AMO botas de cano longo. E batom vermelho, e tantos outros clichês que fazem os homens virarem o pescoço e as mulheres torcerem o nariz.

Só que às vezes cansa.
Porque se aceito minha beleza e meu corpo, mostrá-los parece soar como um convite: "oi, sô facinha, pode vir".

Aos 15 anos, voltando de uma aula de educação física com uma calça justa, um homem se sentiu no direito de agarrar minha bunda. Não, não foi uma "passadinha de mão". Ele estava numa bicicleta e usou isso para fugir, depois de me dar um tremendo beliscão e quase me fazer cair com a agressão. Lembro que senti tanto nojo dele, e tanto ódio de mim mesma que passei boas semanas evitando roupas mais... sensuais. Seja lá o que um uniforme de colégio católico pode ter de sexy.

Eu tinha 15 anos, nunca tinha dado sequer um beijo, e estava descobrindo que tinha um corpo interessante. Foi uma experiência que pode parecer boba, mas me marcou. Porque um imbecil se achou no direito de violar meu espaço. Aquela foi a primeira vez, mas com certeza não seria a última.

Alguns anos depois, eventualmente tinha alguma experiência do gênero. E não estou falando de cantadas ao passar por alguma obra, porque isso faz parte do dia a dia. Falo de homens que jamais me viram e, ao olhar meu decote, se vêem no direito de perguntar se "é natural ou silicone". Eu não olho pro volume da sua calça e pergunto se é uma meia, pergunto?
A questão é que não importa se meus seios são grandes ou minha saia é curta. É meu direito usar a roupa que quiser e não ser vista como um pedaço de carne. Mais de 10 anos depois daquele beliscão adquiri o espírito de devolver essas "gracinhas". Obviamente, não sou nada gentil.  Não me escondo mais atrás de roupas largas e óculos fundos.

O tamanho do meu decote não mede minha inteligência.
Porque é meu direito usufruir do slut way of life só por diversão.
Mas como dói ver quem aceite ser definida unicamente por isso... o "ser" como uma embalagem bonita e vazia.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Querido diário...


Todas as últimas noites, eu ia para a cama, e era uma boa menina.


Noite passada, eu fui para a cama. E fui uma boa menina malvada.


com amor,

P.

sábado, 23 de julho de 2011

Pagar mico é comigo mesma - parte I de infinitas

Aí você tá lá, com fogo na dita-cuja e resolve resgatar um casinho* do fundo da lista de telefone.
E como o fogo é muito mas a cara de cara de pau não tanta, tem a brilhante idéia de mandar uma mensagem.

Sim, um sms. Claro que não é nada tão singelo do tipo "oi, tudo bem, quanto tempo?". Porque vai que o fulano é lerdo e não entende, certo? E tempo a perder é algo que não existe quando o calor se instala.
Aí você pensa.
Capricha.
Bola aquela mensagem não tão soft porn per.fei.ta, que você sabe que vai deixá-lo doidinho ao ler.
E clica no "enviar", já antecipando o momento de glória.

Um minuto.
Um minuto e meio.
Dois minutos.

Esperar uma resposta nunca foi meu forte. Com tesão, pior ainda.
Ahá! Resposta!

"O Fulano não é mais o dono desse número. Mas gostei da idéia, hein? :P"

Oi, meu nome é Pê e eu pago mico até via sms.


* Essa história tem bons 7, 8 anos, quando era uma moça solteira perdida e indecente. Hoje sou uma noivinha muito comportada** e apaixonada, viu?
** Jura que você acreditou nisso?

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Um quase monólogo

- Tá, eu sou teimosa sim, e daí?
Tu já sabia disso quando apaixonou por mim, não sabia? Então agora aguenta.Paixão vem em pacote completo/lacrado/inviolável. Tem coisas boas. Tem coisas ruins. Tem coisas péssimas. Ganhou olhos verdes, veio amostra grátis de rebeldia sem causa. Pediu inteligência, colada juntinho tava a insegurança. Tá, eu sou assim mesmo, e daí? Tu também não é amor algum de pessoa. Ou acha que eu não vejo, essa cafajestice, esse jeito de não deixar mulher nenhuma passar em branco? Que eu não vejo, falando baixinho no telefone, controlando risada? E quer saber? Pelo menos eu sempre fui eu mesma.
Sempre te mostrei que tinha todos estes defeitos horríveis, e muito poucas qualidades incríveis.
 Me mostrei inteira pra ti, não foi? E não faz essa cara não que eu tô falando sério! Não, não vem assim, não faz assim... que assim eu derreto, que assim eu não resisto, que assim eu não quero, assim eu não posso... vai, sai daí... por favor... não, não me beija assim, larga meu pescoço, tira essa mão, sai daqui com esse perfume, essa língua, esses dentes, esse monte de dedos... que eu não te quero, eu não te posso mais... 

- Deixa de ser fresca e fica quieta. 

- ... 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Eu sempre acreditei no amor.
Sempre.
Até quando duvidava, no fundo no fundo, acreditava.

Sabe quando você tem 20 anos e leva o maior pé na bunda que já existiu, e tem certeza que o mundo é uma merda, que todos os homens são uma merda, que sua vida é uma merda e que nada de bom nunca, nunquinha mais vai acontecer? Pois é, ainda assim eu acreditava no amor.

Hoje não tenho mais vinte anos, levei e dei outros tantos pés na bunda depois daquele e olha só! até encontrei o amor.
E ele é sim, tudo aquilo de lindo e de bom e de ótimo que sempre disseram que seria. E ele é meu melhor amigo e me ama também. E o mundo é bom.

Mas é claro que, quando você é assim como eu, doida e neurótica, nada é bom todo o tempo.
Quando você é assim, como eu, você vai dormir feliz, mas com aquele medo no fundo da alma de acordar triste. Com aquele medo de foder tudo, de novo, mais uma vez.
Mas é claro que, quando você é assim, como eu, em um dia qualquer perto dos 30 anos, aceita que é assim.
Que sempre vai ser assim.

E que ok, é foda. Mas vai ter que dar certo.
Porque por ele, você faz dar certo.
Porque no fim das contas, ele sempre consegue te fazer sorrir outra vez.

Porque vocês precisam entender.
Quando se é assim, como eu, complicada, imperfeita e dedicada, você tem dor de cabeça o dia inteiro e o que faz? Cria um blog. Às 4h30 da manhã.

Porque quando você é assim, como eu, sabe que a dor não é física.
É na alma.

E palavras podem ser mais eficientes que qualquer tarja preta.
Ou ao menos deveriam.