sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sim, eu tenho preconceitos

Ok, ok. Vou admitir. Eu sou preconceituosa.
Pra caralho, na verdade.
Tenho preconceito com axézeiro, sertanejo, pagodeiro, micareteiro e outros eiros.
Tenho preconceito com pobre. Os de espírito, já que minha conta bancária tá daquele jeito.
Mas um dos meus maiores preconceitos é com homossexual que julga bissexuais. Sabe como?

É aquele que ama/trepa/casa exclusivamente com alguém do mesmo sexo, vai na Parada Gay, é ativista e chora com os ataques na Paulista e eu juro que a rima pobre não foi intencional. Que enche a boca de orgulho pra dizer "sim, EU SOU GAY, eu mereço respeito" e, quando outro diz "oi, sou bi", torce o nariz e acusa de indeciso.
Não entendo. Acho que tenho um déficit pra compreender certas coisas (fórmulas físicas e matemáticas tão no mesmo patamar), um tipo de DDA físico-matemático-homofóbico (?).

Dá a mão e acompanha meu raciocínio.
A pessoa já foi alvo de preconceitos. Muitos. Já viu outros rindo da sua opção. Já sofreu, já chorou. Já perdeu noites de sono pensando como ia contar pros pais. Já se apaixonou pela pessoa errada. Já se sentiu deslocado em alguma situação social, quando não pôde abraçar seu amor.
E aí, um dia, ao ouvir de outra pessoa que têm uma opinião diferente da sua, têm a mesmíssima reação que tanto repudia.

Bissexuais sentem-se num mundo à parte. Não são aceitos no mundo hetero e tampouco no gay. São "competição" em ambos, animal que deve ser temido e escurraçado. Precisa se decidir.
Porquê? Que necessidade é essa de ter tudo decidido e dado como certo?

Aos 7 anos eu queria ser veterinária.
Dos 10 aos 16, juíza.
Aos 17, descobri o Jornalismo.
Aos 21, me decepcionei com ele.
E tô aqui, ainda procurando.

Aos 5 anos, minha comida preferida era frango assado. Odiava verduras.
Aos 15, virei vegetariana.
Hoje, amo brócolis e admito, pecado dos pecados: vez que outra traço um cachorro quente sem dor na consciência só na balança - essa maldita.

Nossa vida muda. Nossos gostos mudam.
E essa é a beleza de tudo: não precisar se ater ao concreto. Poder mudar, experimentar, voltar atrás.
O que cada um faz no conforto do seu lar e com seu corpo, com a permissão de outros e que não cause mal a ninguém, não deveria ser um indicador de caráter.
Porque eu repito: sou preconceituosa. Muito.

Julgo meus amigos e aqueles que quero bem pelos seus gostos. Pelas suas escolhas.
Julgo quem se faz de sonso e estaciona em vagas preferenciais.
Julgo quem não devolve o troco que veio a mais.
Julgo quem diz que o livro da sua vida é o campeão da semana indicado pela Veja.
Eu julgo caráter, não escolhas.

Pra quem ele dá ou quem ele come não é da minha conta. Nunca foi, nunca será.

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